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Conselho de Direitos Humanos ordena inquérito sobre violência na Líbia

Foto do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Crédito: ONU/ACNUDH.Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas acaba de condenar veementemente a recente violência na Líbia e ordenou um inquérito internacional sobre os supostos abusos ocorridos no país. Em resolução adotada por unanimidade no final de uma sessão especial realizada hoje (25/02) em Genebra, o Conselho de 47 membros também pediu ao governo líbio que cumpra com sua responsabilidade de proteger sua população e que cesse imediatamente com todas as violações dos direitos humanos. O Conselho também pediu que o Governo parasse com todos os ataques contra civis, respeite a vontade popular, e as aspirações e reivindicações de seu povo.

Na abertura da sessão, a Alta Comissária para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, pediu uma ação urgente para acabar com a violência na Líbia e que os autores de tais atrocidades fossem responsabilizados, advertindo que a repressão aos manifestantes está piorando. “É preciso fazer mais. Encorajo a todos os atores internacionais que tomem as medidas necessárias para parar o derramamento de sangue”, afirmou, acrescentando que, de acordo com algumas fontes, milhares podem ter sido mortos ou feridos durante a semana passada.

“Embora os relatórios ainda sejam incompletos e difíceis de verificar, uma coisa é dolorosamente clara: a repressão na Líbia de manifestações pacíficas está aumentando de forma alarmante com assassinatos em massa, prisões arbitrárias, detenções e torturas de manifestantes. Tanques, helicópteros e aviões militares estão sendo usados indiscriminadamente para atacar os manifestantes”, apontou.

“O líder líbio deve parar a violência agora”, disse a Alta Comissária sublinhou, lembrando que a Líbia é um membro do Conselho de Direitos Humanos e se comprometeu a respeitar os direitos
humanos, e é também um Estado-Parte de vários tratados internacionais de direitos humanos. Pillay lembrou ainda que sob a lei internacional “qualquer funcionário, em qualquer nível, que ordenar ou realizar atrocidades pode ser penalmente responsável e que os ataques generalizados e sistemáticos contra a população civil podem constituir crimes contra a humanidade”.

Testemunhas dentro e fora da Líbia vêm descrevendo cenas de horror, Pillay disse aos delegados. Forças líbias estão atirando em manifestantes e transeuntes, fechando bairros e atirando de telhados. Eles também bloqueiam as ambulâncias para que os feridos e mortos sejam deixados nas ruas. Relatos de hospitais indicam que a maioria das vítimas foi baleada na cabeça, no peito ou no pescoço, sugerindo execuções arbitrárias e sumárias, disse a Alta Comissária. “Imagens das quais não foi possível verificar a origem parecem retratar a escavação de valas comuns em Trípoli”, acrescentou.

Em reunião sobre Líbia, Brasil diz que uso da força é inaceitável

Maria Nazareth Farani Azevêdo, Embaixadora do Brasil na ONU em GenebraMônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.*

O governo brasileiro condenou o uso da força contra manifestantes pacíficos na Líbia. A declaração foi feita numa sessão de emergência, nesta sexta-feira (25/2), do Conselho de Direitos Humanos.

Falando em inglês, a embaixadora do Brasil na ONU, em Genebra, Maria Nazareth Farani Azevêdo, citou a presidente Dilma Rousseff afirmando que “o Brasil não irá tolerar nenhuma forma de violação dos direitos humanos em nenhum país, incluindo o próprio Brasil”.

Pillay

A sessão de emergência foi realizada pelo órgão para discutir a situação da violência na Líbia desde o início dos protestos contra o regime de Muammar Kadafi, que está no poder há mais de 40 anos.

De acordo com a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, há relatos de que milhares de pessoas podem ter morrido ou ficado feridas nas manifestações de rua.

Pillay afirmou que o governo líbio “está participando de assassinatos em massa, detenções arbitrárias e torturas contra os manifestantes.”

A alta comissária disse ainda que é preciso ficar claro que a situação chocante e brutal da Líbia, no momento, é o resultado direto do desrespeito pelos direitos à liberdade dos líbios. Ela pediu justiça para os abusos do presente e do passado cometidos no país e disse que o Conselho de Direitos Humanos tem que agir agora.

Medidas

Navi Pillay encerrou a intervenção dizendo que a comunidade internacional deve tomar as medidas necessárias para terminar com o que ela chamou de “um banho de sangue” na Líbia.

Nesta sexta-feira, a ONU informou que pelo menos 50 mil trabalhadores migrantes estão tentando fugir da violência.
Durante o discurso, a embaixadora do Brasil lembrou dos brasileiros que estão na mesma situação e pediu à Líbia que autorize a saída de todos os estrangeiros que queiram deixar o país.

(*) Apresentação: Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York. Ouça aqui a reportagem da Rádio ONU.

Conselho de Direitos Humanos debate situação na Líbia

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

Os países-membros do Conselho de Direitos Humanos se reúnem, nesta sexta-feira, em Genebra para debater a situação da tensão política na Líbia.

Segundo relatos do próprio governo, cerca de 300 pessoas morreram após os protestos que pedem a saída do líder líbio Muammar Kadafi. Ele está no cargo há mais de 40 anos.

Investigação

Na quarta-feira, o Secretário-Geral, Ban Ki-moon, disse a jornalistas, na sede da ONU, que a tensão na Líbia apontava para um “rumo perigoso”. Ban contou que conversou com Kadafi por 40 minutos ao telefone, no sábado, e pediu o fim imediato da violência.

A alta comissária de Direitos Humanos, Navi Pillay, afirmou que as mortes na Líbia e a violência contra os manifestantes são motivo para uma investigação internacional.

Após duas reuniões de emergência, o Conselho de Segurança também pediu o fim da violência e disse que a Líbia teria que autorizar a entrada de monitores e agentes de ajuda humanitária.

Vários governos estão tentando retirar seus cidadãos da Líbia. De acordo com a mídia brasileira, cerca de 130 trabalhadores de uma empresa brasileira no país, estariam perto de deixar a cidade de Benghazi, no leste da Líbia.

A Organização Internacional para Migrações informou que mais de 800 chineses também estão esperando para deixar a Líbia. O governo chinês informou que irá evacuá-los do país.

Ouça a reportagem clicando aqui.

Sobrevivente de tortura assume como especialista independente da ONU sobre tema

O Relator Especial Juan Méndez. Foto: ONU.Ele próprio um sobrevivente de tortura, o defensor dos direitos humanos argentino Juan Méndez assumiu como o novo Relator Especial sobre o uso da tortura e outros tratamentos ou punições cruéis, desumanos ou degradantes no mundo, prometendo ajudar as vítimas de tortura.

“Ao insistir na proibição absoluta da tortura e de tratamentos ou punições cruéis, desumanos ou degradantes no direito internacional, espero fazer uma contribuição eficaz para a aplicação e o desenvolvimento progressivo das normas internacionais neste domínio”, declarou Méndez, que substitui Manfred Nowak, da Áustria. Relatores Especiais se reportam ao Conselho de Direitos Humanos, em Genebra (Suíça), e trabalham sem remuneração e de forma independente.

Méndez dedicou sua longa carreira jurídica à defesa dos direitos humanos e tem um histórico distinto na advocacia. Uma vez que representou prisioneiros políticos, foi submetido a torturas durante uma detenção de 18 meses ao longo da ditadura militar argentina. Durante este tempo, a organização não-governamental (ONG) Anistia Internacional o adotou como um “Prisioneiro de Consciência”.

Méndez também atuou como o primeiro Consultor Especial da ONU sobre a prevenção do genocídio, com um mandato que pretendia coletar as informações existentes sobre as graves violações aos direitos humanos que poderiam levar a genocídios e trazer situações potenciais de genocídio à atenção do Conselho de Segurança. Ele serviu neste cargo de 2004 a 2007.

Revisão do Conselho de Direitos Humanos da ONU deve melhorar sua eficácia

A revisão quinquenal do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas deve ajudá-lo a fazer uma maior diferença, reagindo de modo mais rápido e eficaz no combate aos abusos crônicos e urgentes, disse o Presidente do organismo e Embaixador da Tailândia, Sihasak Phuangketkeow, à Assembleia Geral.

A revisão, segundo ele, objetiva identificar as melhores formas para que o Conselho racionalize seu trabalho e garanta que seu tempo e recursos foram efetivamente utilizados. Ela também destacará a necessidade de coordenar melhor a relação entre o trabalho do Conselho e o da Assembleia Geral nas questões dos direitos. Este processo está previsto para estar completo no mais tardar em junho de 2011.

Sobre outras questões abordadas no relatório, Phuangketkeow disse que um total de 72 decisões e três declarações presidenciais foram aprovadas durante o período relatado, de setembro de 2009 a junho de 2010. Entre as questões mais urgentes na agenda do Conselho durante esse tempo estão o período pós-terremoto de recuperação do Haiti, o ataque à flotilha de Gaza e a situação na Somália.

O Conselho promove em seu trabalho questões relativas aos direitos humanos das mulheres, incluindo a mortalidade materna e a igualdade de gênero, bem como os direitos das crianças. Entre outros temas discutidos, se incluem o impacto da crise global e financeira sobre os direitos humanos, o direito à verdade – de modo a proteger jornalistas em situações de conflitos armados – e os efeitos adversos de resíduos tóxicos humanos sobre os direitos humanos.