Arquivo da tag: Conselho de Segurança

Conselho de Segurança discute situação no Haiti

Conselho de SegurançaMônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu nesta quinta-feira (20/1) para analisar a situação no Haiti.

Os 15 países-membros do órgão, incluindo Brasil e Portugal, ouviram um balanço sobre os trabalhos da MINUSTAH, a Missão de Estabilização da ONU no país, e a situação política após o primeiro turno das eleições presidenciais.

Impasse

Segundo a mídia local, o Haiti estaria enfrentando um impasse político sobre a confirmação do 2º colocado na corrida. A ex-senadora e candidata da oposição, Mirlande Manigat, está garantida na disputa após obter o maior número de votos no pleito de novembro.

A embaixadora do Brasil, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse à Rádio ONU que a definição das eleições é necessária para que o país volte a avançar.

“Uma vez concluído o processo eleitoral será possível então retomar a cooperação e focalizar, de novo, a atenção na reconstrução do país que é muito necessária. E o Brasil continua também muito empenhado em contribuir neste esforço de reconstrução tanto no plano bilateral com o Haiti como por intermédio das Nações Unidas”, explicou.

Na terça-feira, a polícia haitiana indiciou o ex-presidente Jean Claude-Duvalier, também conhecido como ‘Baby Doc’ por corrupção e enriquecimento ilícito. Ele voltou ao Haiti após anos de exílio, no domingo.

Acampamentos

A ilha caribenha, considerada uma das nações mais pobres do mundo, ainda luta com os efeitos do terremoto do ano passado. Pelo menos 800 mil pessoas estão vivendo em acampamentos.

Um surto de cólera, que começou em outubro, já matou mais de 3,7 mil pessoas e contaminou 170 mil.

O Banco Mundial ofereceu uma linha de crédito de US$ 15 milhões, equivalentes a cerca de R$ 25 milhões, para ajudar o país a combater a doença.

Ouça a matéria da Rádio ONU clicando aqui.

Chefe político da ONU adverte Conselho de Segurança sobre aumento das tensões no Oriente Médio

Subsecretário-Geral para Assuntos Políticos, B. Lynn Pascoe O chefe de assuntos políticos das Nações Unidas advertiu nesta quarta-feira (19) o Conselho de Segurança sobre a evolução das negociações entre israelenses e palestinos, sobre o território ocupado da Palestina e sobre o Líbano, região na qual têm aumentado as tensões nos últimos tempos.

“Neste ano que começa, espero progressos no processo de paz no Oriente Médio. Vários desafios se colocam”, disse o Subsecretário-geral para Assuntos Políticos, B. Lynn Pascoe, em um debate aberto do Conselho de Segurança sobre a situação no Oriente Médio. “Continuaremos a fazer todo o possível para promover o diálogo e preservar a estabilidade e a segurança da região como um todo”.

Em conversas entre israelenses e palestinos, Pascoe manifestou o seu apreço e apoio aos esforços dos EUA para participar de conversas paralelas com as partes e sua intenção de ser um participante pró-ativo, oferecendo ideias e propostas de transição, quando apropriado.

No entanto, ele manifestou preocupação com as datas-limite apontadas pelo Quarteto do Oriente Médio – um grupo formado por ONU, União Europeia, Rússia e EUA, que defende o plano internacionalmente reconhecido para a criação de dois estados – para chegar a um acordo-quadro entre israelenses e palestinos e para a conclusão do programa da Autoridade Palestina para a construção do Estado de dois anos.

Os membros do Quarteto se reunirão em Munique, na Alemanha, no dia 05 de fevereiro para tentar fazer avançar as negociações entre israelenses e palestinos. “Esforços para levar israelenses e palestinos a se comprometer seriamente sobre questões do estatuto final vai estar no topo da agenda quando o Quarteto se reunir”, disse o chefe de assuntos políticos, observando que o prazo para alcançar o acordo-quadro entre israelenses e palestinos termina em cerca de nove meses.

“Nesse sentido, a viabilidade do processo político e da credibilidade do Quarteto também estão em jogo este ano”, disse Pasco. “Estamos seriamente preocupados com a contínua falta de progressos na busca de uma solução negociada. Paz e um Estado Palestino não podem continuar a ser adiadas”.

Observando o aumento contínuo e acentuado na atividade de construção de assentamentos por parte de Israel, Pascoe disse ainda a expansão dos assentamentos na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, continua a minar a confiança e prejudica o debate sobre o estatuto final.

Ele citou as recentes declarações do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, lamentando a demolição de um hotel no coração de um bairro palestino em Jerusalém Oriental e reiterou o apelo do Secretário-Geral para que Israel congele toda a atividade relativa ao tema, em conformidade com o direito internacional e o chamado “Mapa do Caminho” [Roadmap], um caminho para uma solução definitiva para o conflito, elaborado pelo Quarteto.

“Preocupação extrema” com Gaza

Quanto a Gaza, Pascoe manifestou extrema preocupação com a situação no mês passado, incluindo um aumento das tensões. Ele disse que a violência recente envolvendo militantes palestinos, que dispararam 31 foguetes e 47 morteiros em Israel – aproximadamente quatro vezes mais do que o período anterior –, e Israel, que realizou 11 incursões e 26 ataques aéreos na Faixa de Gaza.

“Condenamos o lançamento indiscriminado de projéteis para áreas civis israelenses por militantes palestinos”, disse Pascoe disse aos membros do Conselho. “Nós igualmente salientamos que todas as partes devem abster-se de ações contrárias ao Direito Internacional Humanitário que atingem ou põem em perigo os civis”.

Observando que as autoridades de fato do Hamas em Gaza declararam recentemente publicamente seu compromisso de manter a calma, Pascoe acrescentou que todas as partes responsáveis devem cessar os atos de violência, pois “um novo surto de maiores hostilidades seria devastador e deve ser evitado”.

O chefe de assuntos políticos da ONU disse ao Conselho que um objetivo fundamental das Nações Unidas continua a ser a revitalização da economia de Gaza e a busca pelo fim da política de bloqueio de Israel. Ele acrescentou que os níveis de importação e exportação melhoraram desde o período antes do ajuste da política de Israel, de junho de 2010, mas é ainda significativamente inferior aos níveis anteriores a 2007.

Líbano e Síria

Sobre os acontecimentos recentes no Líbano, onde pontos de vista divergentes sobre o Tribunal Especial para o Líbano recentemente precipitaram o colapso do governo, Pascoe lembrou sobre os pedidos do Secretário-Geral para a continuação do diálogo e do respeito para a constituição e as leis no Líbano.

“Deixe-me comentar aqui que é essencial para todos os líderes libaneses que continuem a abordar a atual situação política através do diálogo, dentro dos parâmetros estabelecidos pela Constituição do Líbano”, disse Pascoe, enquanto apontava para o impacto dos acontecimentos na região.

“Preservando a estabilidade do Líbano e assegurando um fim à impunidade é essencial, é um direito que os libaneses têm”, disse o chefe de assuntos políticos. “Mas também é fundamental para a região como um todo, que precisa, mais do que qualquer outra coisa, de todos os elementos que possam conduzir o progresso de uma paz abrangente”.

Sobre as relações entre Israel e a Síria, Pascoe lamentou a falta de progresso no esforço para promover a paz entre os dois países, apesar de continuar os contatos por meios diplomáticos, e observou que a resolução do conflito entre os dois países é fundamental para a estabilidade da região.

Costa do Marfim: ONU reforça tropas após alerta sobre riscos de genocídio

Conselho de Segurança reúne-se para reforçar a missão da ONU na Costa do MarfimAs Nações Unidas reforçaram nesta quarta-feira (19/1) a sua missão de paz na Costa do Marfim, atualmente com quase 9.000 soldados, com soldados e helicópteros extras, após funcionários da ONU pedirem medidas urgentes para impedir a crescente violência pós-eleitoral, que poderia gerar em genocídio.

Numa resolução aprovada por unanimidade nos termos do Capítulo VII da Carta da ONU, que permite o uso da força, o Conselho de Segurança autorizou o envio imediato de um adicional de 2.000 soldados e três helicópteros armados para este país do oeste africano, onde o ex-presidente Laurent Gbagbo recusa-se a renunciar, apesar da vitória eleitoral internacionalmente reconhecida do líder da oposição Alassane Ouattara em novembro de 2010.

O Representante Especial do Secretário-Geral e chefe da Missão da ONU na Costa do Marfim (UNOCI), Y. J. Choi, disse que os reforços vão proporcionar uma “capacidade de reação rápida” essencial para a proteção dos civis tanto em Abidjan, onde militantes pró-Gbagbo lançaram ataques, quanto no oeste do país, onde tem ocorrido uma explosão de conflitos étnicos.

“Nós continuamos profundamente preocupados com a possibilidade de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e limpeza étnica na Costa do Marfim”, afirmou o Conselheiro Especial do Secretário-Geral sobre a Prevenção do Genocídio, Francis Deng, em entrevista coletiva logo após votação no Conselho. “Acreditamos que medidas urgentes devem ser tomadas, em consonância com a responsabilidade de proteger , de modo a evitar o risco de genocídio e para assegurar a proteção de todas as pessoas em risco de atrocidades em massa”.

Mais informações, em inglês, clique aqui.

Violência volta a eclodir em Darfur

Patrulha da UNAMID no Darfur do NorteO chefe da missão conjunta de paz das Nações Unidas e da União Africana em Darfur (UNAMID), Ibrahim Gambari, pede calma após os últimos confrontos na cidade de Nertiti, no estado de Darfur Ocidental.

A violência eclodiu em Nertiti, localizada a 63 quilômetros a leste da cidade de Zalingei, no domingo (09/01), após um funcionário do Serviço de Inteligência Nacional e de Segurança do Sudão (NISS) ter sido morto por atiradores não identificados. Após os disparos, as autoridades locais realizaram buscas nas casas dos suspeitos, provocando mais tensão e uma troca de tiros, provocando a morte de um policial e de um funcionário da NISS.

Uma equipe de avaliação UNAMID visitou o local após os distúrbios para recolher informações junto à população local, observando que várias casas foram queimadas e lojas do mercado local haviam sido fechadas. A situação agora está mais calma e UNAMID continua a sua verificação e patrulhas de rotina na área afetada.

Na sede da ONU em Nova York, o Conselho de Segurança disse que ficou profundamente preocupado com a escalada da violência em Darfur, incluindo o sequestro em 13 de janeiro de três membros do Serviço Aéreo de Ajuda Humanitária da ONU (UNHAS).

“Os membros do Conselho pedem a todas as partes que cessem as hostilidades imediatamente para garantir o pleno e livre acesso dos membros da UNAMID em toda a zona da missão, e para permitir que trabalhadores humanitários possam prestar assistência aos necessitados”, disse o Presidente do órgão no mês de janeiro, Embaixador Ivan Barbalic da Bósnia-Herzegóvina.

Reforma do Conselho de Segurança deve avançar em 2011

Conselho de Segurança da ONUMônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

As negociações para a reforma do Conselho de Segurança devem avançar este ano.

Numa entrevista a jornalistas sobre as prioridades da Assembleia para 2011, o presidente Joseph Deiss disse esperar que haja “negociações reais” a respeito da ampliação do órgão.

G-4

Deiss lembrou que as conversações já duram duas décadas. A última vez que o Conselho teve uma ampliação foi em 1965, quando o número de assentos passou de 11 para 15. Nessa época, a ONU tinha somente 118 países-membros. Hoje, tem 192.

O Brasil, ao lado da Alemanha, da Índia e do Japão, como é conhecido o G-4, são considerados potenciais candidatos a um assento permanente. Nessa entrevista à Rádio ONU, no mês passado, a embaixadora do Brasil, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse que 2011 é também um ano especial na configuração do Conselho.

Valor

“O Conselho terá em 2011 vários países do G-4, praticamente todos, à exceção do Japão; contará ainda com os países que constituem o IBAS: Índia, Brasil e África do Sul. Nós estamos em consulta, em contato permanente com esses países, para imprimir uma marca que possa demonstrar que a presença desses países no Conselho de Segurança agrega valor e vem em benefício do Conselho como um todo”, explicou.

O presidente da Assembleia Geral lembrou que o embaixador do Afeganistão, Zahir Tanin, deve produzir um novo relatório até março com as propostas dos países-membros sobre a reforma. Além do G-4, o continente africano também tem interesse em dois assentos.

Ouça a matéria da Rádio ONU clicando aqui.