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Fundos humanitários: déficit de cinco bilhões de dólares

Fundos humanitários: déficit de cinco bilhões de dólares. Foto: ONU.Agências das Nações Unidas e seus parceiros enfrentam um déficit de quase cinco bilhões de dólares este ano em fundos para reagir a crises humanitárias ao redor do planeta. Até o momento, menos da metade dos 9,5 bilhões de dólares necessários para atender as 53 milhões de pessoas em 34 países que precisam de ajuda foram recebidos.

O afluxo de recursos para 2010 está com um pequeno atraso em relação aos anos mais recentes, apesar das preocupações anteriores de que a recessão global esgotaria recursos destinados a desastres.Também era temido que as doações ao Haiti após o terremoto ocorrido em janeiro afetariam financiamentos para outras crises, mas o efeito foi leve. Os apelos globais originais, iniciados em novembro, solicitavam por volta de sete bilhões de dólares, mas essa quantia subiu para 9,5 bilhões em decorrência de novas crises, como o terremoto no Haiti. Também contribuindo para o aumento estão as situações graves em áreas como a República Centro-Africana e o Sahel, especialmente no Níger, que atravessa uma severa crise de alimentos.

Entre os pedidos individuais que já receberam grande parte dos recursos estão o Haiti, onde 64% dos quase 1,5 bilhão de dólares necessários foram recebidos; o Afeganistão, que recebeu 62% dos 77 milhões requeridos; e a Somália, com 56% dos 60 milhões necessários. Porém, apenas 10% dos 18 milhões pedidos para a Mongólia, que foi atingido por um complexo desastre natural, foram atendidos.

Reconciliação política e segurança básica são prioridades para Somália

Mapa da Somália. Fonte: UN NewsEncorajar a reconciliação entre grupos políticos em conflito e garantir segurança pública básica é essencial para a estabilização da Somália, relatou o Representante Especial das Nações Unidas e diretor do Escritório Político das Nações Unidas para a Somália (UNPOS), Augustine Mahiga. Segundo ele, promover essa reconciliação e estabelecer um processo político mais inclusivo devem ser as prioridades no país, que não tem um governo funcional há duas décadas.

“Mas esses objetivos são baseados na existência de um mínimo de segurança para possibilitar a sobrevivência desse governo de transição (Federal) ou qualquer outro que reúna grupos políticos”, disse Mahiga. Ele apontou que a estabilidade política resulta de um processo de reconciliação e inclusão, aliada à segurança adequada para permitir que o governo implemente atividades de reconstrução básica, alcançando a população com medidas sociais e econômicas.

O atual diretor do UNPOS, Mahiga, representando a ONU, em 2007. Foto: UN/Mark Garten

Mahiga, antigo embaixador da Tanzânia junto à ONU, sucede Ahmedou Ould-Abdallah, ex-autoridade máxima das Nações Unidas na Somália, e se depara com um desafio. O país tem uma das piores crises humanitárias do mundo, com grande parte da população desalojada e constantes conflitos entre as forças do governo e rebeldes islâmicos. Quando perguntado sobre a consolidação da paz na região, respondeu que, apesar de complicada, ela pode ser alcançada – e indicou como “cinismo muito improvável” (“far-fetched cynicism”) sugerir que nunca haverá paz na Somália.

“Fundamentalmente, qualquer conflito, para ser resolvido de forma duradoura, deve buscar um caminho pacífico. Acredito que essa seja a forma de solucionar as questões mais complexas e longas do mundo: uma resolução pacífica de modo inclusivo ao invés do uso da violência”, sustentou Mahiga.

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UNICEF destaca Dia da Criança Africana com pedido por mais recursos para a Somália

Criança sendo alimentada com uma comida pronta terapêutica em campo de deslocados na Somália. Foto: UN.O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) solicitou na última quarta-feira (16) um maior apoio local e internacional para as crianças da Somália, onde serviços básicos como educação, saúde, nutrição e água potável são limitados, como resultado de duas décadas de conflito.

“Comunidades da Somália, famílias, pais, administrações locais, organizações não-governamentais (ONGs), doadores e organizações internacionais deveriam ter uma responsabilidade coletiva para colocar os interesses das criança em primeiro lugar”, disse a representante do UNICEF na Somália, Rozanne Chorlton. “Esse senso de responsabilidade deve ser enraizado em diversas iniciativas e no planejamento orçamentário para o bem estar das crianças da Somália”, disse Chorlton em uma mensagem para marcar o Dia da Criança Africana, celebrado pela União Africana (UA).

Segundo o UNICEF, um dos principais obstáculos à prestação de serviços a mulheres e crianças na Somália é a receita limitada. Por exemplo, a Somália precisa gastar U$35 por pessoa por ano para financiar um sistema público de saúde, mas o país está entre os menos capazes de fazê-lo, especialmente na região centro-sul, onde o Governo Federal de Transição (TFG, na sigla em inglês) não prevê qualquer financiamento público de saúde.

Mesmo quando algo semelhante a uma administração local existe, como na autodeclarada República da Somalilândia, no noroeste e nordeste da auto-declarada região autônoma de Puntlândia, as autoridades locais só são capazes de fornecer 50 centavos por pessoa. A Declaração de Abuja da União Africana compromete os governos africanos a reservarem 15% de seus orçamentos nacionais para a saúde. As administrações da Somalilândia e da Puntilândia gastam apenas entre 2% e 3% de suas despesas públicas em saúde, de acordo com o UNICEF.

“Embora exista uma significativa contribuição privada, comunitária e beneficente para os serviços de saúde no país, as autoridades de saúde pública devem assumir a liderança numa tomada de compromissos realista para prioridades públicas claramente articuladas dentro de seus atuais recursos financeiros, de forma a atrair fundos adicionais de doadores”, disse Austen Davis, chefe do Programa de Sobrevivência e Desenvolvimento Infantil do UNICEF na Somália.

“Também é vital que a comunidade internacional financie projetos durante bastante tempo, nutrindo-se de projetos estrategicamente coerentes ao invés de outros de curto prazo. Doadores precisam urgentemente entrar em harmonia e reunir seus financiamentos aos de outros doadores para assegurar compromissos mais duradouros, coerentes e estratégicos”, acrescentou.

O UNICEF assinalou que os modelos existentes de colaboração bem-sucedidos dos setores público e privado na Somália, que já beneficiam crianças, poderão ser reforçados com um financiamento público adicional. “Em um país onde os escassos recursos hídricos e distribuição desigual exacerbam a pobreza e as desigualdades, a abordagem da parceria público-privada – apoiada pelo UNICEF e seus doadores – tornou a água de baixo custo, os serviços de saneamento e a higiene disponíveis nos centros urbanos”, disse a agência em um comunicado.

O Dia da Criança Africana é celebrado anualmente em 16 de junho, a fim de honrar a memória das crianças mortas em 1976, durante uma manifestação em Soweto, na África do Sul, para protestar contra a educação inferior por parte da administração do Apartheid e para solicitar aulas em sua própria língua.

Organização Marítima Internacional apóia a repressão a ações piratas na costa da Somália

Organização Marítima Internacional (IMO)Governo somali pede ajuda na criação de uma guarda costeira nacional para impedir o aumento dos ataques.

O líder da Organização Marítima Internacional (IMO) prometeu que a agência irá ajudar a Somália na repressão a pirataria de sua costa e do Golfo de Áden, inclusive auxiliando na criação de uma guarda costeira nacional. O Secretário Geral da IMO, Efthimios Mitropoulos, discutiu o tema com o primeiro-ministro do governo de transição da Somália, Omar Abdirashid Sharmarke, durante encontro semana passada em Londres, onde a agência está localizada.

No ano passado houve um aumento da pirataria ao longo da costa da Nação Africana, que passa por um momento de instabilidade devido a brigas partidárias e não tinha um governo central efetivo desde 1991 com a queda de Siad Barre. Em janeiro, países do Oceano Índico e do Mar Vermelho se comprometerem em cooperar na apreensão, investigação e perseguição dos piratas ao longo da costa somali em uma campanha para acabar o problema que afeta o transporte marítimo internacional na área, inclusive a entrega de ajuda de alimentos de urgência da ONU.

O primeiro-ministro da Somália destacou que a pirataria ao longo da costa de seu país precisa ser tratada tanto na terra como no mar e pediu ajuda para impedir ataques das duas principais redes de pirataria (uma na região central da Somália e outra em Puntland) através de centros de informação compartilhados. Ele também declarou que o país está revisando sua legislação nacional para assegurar que os piratas sejam processados na Somália e pediu a IMO ajuda neste sentido.

Mitropoulos disse que a IMO, em colaboração com o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), atenderá ao pedido de assistência.

ONU busca apoio para ajudar governo de transição na Somália

As Nações Unidas buscarão mais recursos para apoiar governo de país africano, devastado por lutas entre facções e sem uma autoridade central por 20 anos.

Falando numa conferência em Nova York sobre sua visita recente ao Sudeste e Leste Africano, o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Políticos Lynn Pascoe disse que ninguém quer soar excessivamente otimista sobre a situação na Somália, mas garantiu que existe uma estratégia em ação e que está surtindo efeitos.

“O mais importante é dizer que o Governo Federal de Transição (GFT) da Somália tem, sob a nova liderança do presidente eleito em janeiro Sheikh Sharif, feito todo o possível na tentativa de ser abrangente e trazer a população para dentro da discussão política”, completou Pascoe.

A maioria dos grupos que estavam na oposição ou de fora da vida política tem se juntado ao Governo, muito embora dois grupos extremistas islâmicos ainda estejam lutando, ele adicionou, citando o fato de que o GFT tem agora um plano de como pretende avançar.

Mas Pascoe admitiu que existem desafios. “Há ameaças sérias com as quais precisamos lidar, não existem dúvidas sobre isso, e vai levar um longo tempo para avançar neste processo”. Ele também destacou que o financiamento será um problema sério.

“Uma das dificuldades na Somália é que sem ajuda e assistência para um programa de ajuda ao desenvolvimento, fica muito difícil para o Governo mostrar o que tem feito”, disse Pascoe, que, durante sua visita à África, co-presidiu uma reunião de alto nível em Nairobi, Quênia, sobre a aplicação do pacto de paz entre o GFT e alguns de seus adversários militantes islâmicos.