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Forças de paz prendem líder de grupo armado supostamente responsável por estupro em massa na RDC

A Representante Especial do Secretário-Geral Ban Ki-moon sobre a Violência Sexual em Conflito, Margot Wallström, em visita à região de Walikale, na RDC. Foto: ONU.As Forças de Paz das Nações Unidas na República Democrática do Congo (RDC) prenderam ontem (05/10) o líder de um dos grupos armados que se presume ter sido responsável pelo estupro em massa de mais de 300 civis, ocorrido há dois meses no leste do país.

“Esta é uma notícia muito boa para o povo da República Democrática do Congo”, disse a Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, sobre a Violência Sexual em Conflito, Margot Wallström, que está em sua segunda visita ao país em seis meses, sobre a prisão do “Tenente-Coronel” Mayele, um comandante dos Maï Maï Cheka.

“É uma vitória para a justiça, especialmente para as muitas mulheres que sofreram estupros e outras formas de violência sexual. Os numerosos crimes cometidos sob o comando do “Tenente-Coronel” Mayele não podem ser desfeitos, mas sua prisão é um sinal para todos os que cometem violência sexual de que a impunidade para esse tipo de crime não é aceita e que a justiça prevalecerá”, disse a Representante Especial.

Os ataques, que ocorreram principalmente na região de Walikale, foram realizados entre 30 de julho e 2 de agosto por cerca de 200 integrantes de três grupos armados, os Maï Maï Cheka, as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR) e elementos próximos ao Coronel Emmanuel Nsengiyumva, um exército desertor que no passado esteve envolvido com o rebelde Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP).

“É fundamental que as vítimas dos estupros em Walikale e em tantos outros lugares na RDC vejam a justiça sendo feita”, disse Wallström. “Peço ao governo que garanta um processo rápido, rigoroso e justo”.

ONU lança extenso relatório que marca as atrocidades cometidas durante a guerra na RDC

Poster em Goma, região leste da RDC, alertando para as penas por estupro. Foto: ONU.As Nações Unidas lançaram hoje um novo relatório sobre as “indescritíveis” atrocidades cometidas na República Democrática do Congo (RDC), devastada pela guerra que aconteceu entre 1993 e 2003, quando dezenas de milhares de pessoas foram mortas, e muitas outras estupradas e mutiladas por grupos armados congoleses e por forças militares estrangeiras.

“O período abrangido por este relatório é, provavelmente, um dos capítulos mais trágicos da história recente da RDC”, diz o relatório. Esse é o relato mais extenso no assunto até o momento, e foi publicado pelo Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas (ACNUDH).

O relatório, de 550 páginas, lista 617 das mais graves violações dos direitos humanos e dos direitos humanitários internacionais durante o período de 10 anos cometidos tanto pelo Estado quanto por atores não-estatais. O documento é produto de um levantamento que levou mais de dois anos para ser realizado, incluindo os oito meses de pesquisa em território congolês, em que se entrevistou testemunhas e uma vasta gama de fontes.

Além de fornecer um registro histórico, o relatório visa apoiar o governo congolês e a sociedade civil a desenvolver mecanismos de transição para a justiça e reformas institucionais que irão criar uma base sólida para a paz e desenvolvimento sustentáveis. Isso inclui a identificação de ambas as opções judiciais e não-judiciais para assegurar justiça às muitas vítimas de sérias violações aos direitos humanos e acabar com a impunidade generalizada aos responsáveis por estes crimes.

ONU lança amanhã relatório sobre violações de direitos humanos na RDC

Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH)Amanhã, sexta-feira, dia 1º de outubro, o Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas (ACNUDH) publica um relatório sobre as graves violações aos direitos humanos que ocorreram na República Democrática do Congo (RDC) entre 1993 e 2003. O documento será lançado às 10h00 (horário de Brasília) na Internet, na página www.ohchr.org, onde também serão disponibilizados diversos materiais informativos para a imprensa em inglês e francês.

Funcionários do ACNUDH estarão disponíveis para entrevistas em inglês, francês, árabe, espanhol, italiano e português.

Jornalistas que desejem fazer entrevistas devem ligar para:

+41 22 917 9383
+41 22 917 9310
+41 79 444 7578

Informações para redes de televisão: uma entrevista com a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, será transmitida através da Eurovisão/EBU e através da Unifeed às 15h00 CET (10h00 horário de Brasília), e será posteriormente publicada em: ftp://Communications:[email protected]

Uma versão em baixa resolução também será disponibilizada em: www.ohchr.org

Sobre o relatório

O relatório é o resultado de uma pesquisa sem precedentes, cobrindo 10 anos de estudo em todo o território da RDC. Ele descreve um total de mais de 600 incidentes na República Democrática do Congo, entre 1993 e 2003, no qual centenas de milhares de pessoas foram mortas ou feridas, incluindo um grande número de mulheres e crianças.

Mais de 1.280 testemunhas foram entrevistadas para confirmar ou negar supostas violações, incluindo incidentes não-documentados, e mais de 1.500 documentos foram coletados e analisados durante os dois anos necessários para que o relatório fosse escrito.

Seu objetivo é “formular uma série de opções com o objetivo de ajudar o Governo da RDC na identificação adequada de mecanismos da justiça transicional para lidar com o legado destas violações, em termos de verdade, justiça, reparação e reforma”.

ONU investiga estupro em massa de civis no Congo

A principal funcionária da ONU na luta contra a violência sexual durante conflitos iniciou uma visita de uma semana à República Democrática do Congo (RDC) ontem (28) para coordenar uma resposta sobre os rebeldes terem realizado estupro em massa de mais de 300 civis, há dois meses, no leste do país.

A Representante Especial do Secretário-Geral Ban Ki-moon sobre a Violência Sexual em Conflito, Margot Wallström, visitará a área dos ataques na Província de Kivu do Norte.

As vítimas conhecidas incluem 235 mulheres, 52 meninas, 13 homens e 3 meninos, algumas das quais foram estupradas várias vezes, de acordo com um relatório preliminar da ONU sobre direitos humanos divulgado na semana passada. Pelo menos 923 casas e 42 lojas foram saqueadas e 116 pessoas foram sequestradas, a fim de realizar trabalho forçado.

Os ataques, que ocorreram principalmente na região de Walikale, foram realizado entre 30 de julho e dois de agosto por cerca de 200 integrantes de três grupos armados, os Maï Maï Cheka, as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR) e elementos próximos ao Coronel Emmanuel Nsengiyumva, um exército desertor que no passado esteve envolvido com o rebelde Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP).

“As FDLR são mais uma vez responsáveis por graves violações dos direitos humanos no RDC”, disse Wallström na segunda-feira (27) em Genebra, em uma reunião do Conselho da ONU de Direitos Humanos. “O estabelecimento das responsabilidades deve começar com os líderes deste grupo e com os dos outros grupos por não terem impedido esses ultrajes”. Ela pediu que o Governo da RDC e a comunidade internacional se mobilizem para trazer os responsáveis à justiça.

Uma missão do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos (ACNUDH) já está no país para avaliar a questão das reparações das vítimas de estupro e abuso sexual. Wallström se reunirá com agências da ONU e funcionários nacionais e provinciais para acelerar a aprovação de uma estratégia global contra a violência sexual.

ONU apresenta medidas para reforçar proteção a civis no Congo

Atul Khare, Secretário-Geral Adjunto do Departamento de Operações de Paz da ONU (DPKO). Foto: ONU.Representantes da ONU falaram ao Conselho de Segurança sobre falhas da Organização e propuseram medidas para melhorar as respostas à proteção de civis no futuro, bem como a punição dos envolvidos nos recentes estupros em massa.

A missão de paz das Nações Unidas na República Democrática do Congo (RDC) tem tomado várias medidas para melhorar a proteção de civis no leste do país, após recentes incidentes de estupro em massa. No entanto, a Organização afirmou que estabilizar a autoridade do Estado nas zonas afetadas pelo conflito seria a forma mais eficaz de acabar com a ilegalidade e a violência.

Ao destacar para o Conselho de Segurança algumas das ações da missão da ONU no país (MONUSCO), o Secretário-Geral Adjunto do Departamento de Manutenção da Paz das Nações Unidas (DPKO), Atul Khare, disse que foi lançada na semana passada uma operação para reforçar medidas de proteção civil nas áreas de Pinga, Kibua e Walikale, na província de Kivu Norte, onde ocorreram os mais recentes estupros em massa.

A operação, realizada por cerca de 750 soldados com o apoio de helicópteros de ataque e de observação, também visa proporcionar segurança para cobrir os esforços das autoridades nacionais em prender os suspeitos de cometer os estupros. Pelo menos 242 civis foram afetados, incluindo 28 crianças, nas aldeias ao longo de um trecho de 21 quilômetros de estrada no território de Banamukira, na província de Kivu Norte, entre 30 de julho e 02 de agosto. A maioria eram mulheres.

Khare, que acaba de retornar da RDC, disse ao Conselho que a MONUSCO prossegue os esforços para melhorar as relações com as comunidades locais e reforçar a coleta de informações, na tentativa de melhorar a resposta às ameaças à segurança de civis. “Foi decidido que haverá mais patrulhas à tarde e à noite, bem como um reforço de patrulhas em diversos pontos da região”, afirmou Khare ao Conselho.

Khare enfatizou que o afastamento do leste da RDC faz com que as rondas e a comunicação sejam extremamente difíceis. Ele declarou ao Conselho que a MONUSCO mantinha esforços para impulsionar a cobertura de rádio nas áreas sem cobertura de telefonia móvel. No entanto, afirmou também que mais recursos seria necessários.

O Subsecretário-Geral expressou desapontamento com o fato de que a ONU foi incapaz de oferecer proteção às vítimas dos estupros recentes. “Embora a responsabilidade primária pela proteção dos civis seja do Estado, do exército nacional e das forças policiais, é evidente que também falhamos. Nossas ações não eram adequadas, resultando em uma inaceitável violência contra a população nas aldeias na área. Temos de melhorar”.

Khare sublinhou que os autores de violência sexual desenfreada no leste da RDC devem ser rapidamente levados à justiça. “A MONUSCO fará todos os esforços, incluindo uma postura mais agressiva das forças de paz e a utilização de multiplicadores para a coleta de informações, como a Rádio Okapi, para apoiar os esforços do Governo da RDC em fazer justiça”.

Representante da ONU pede sanções a grupo rebelde

Ele recomendou que o Conselho considere a imposição de sanções aos dirigentes das Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), um grupo de combatentes hutus ligados ao genocídio em Ruanda em 1994 e uma das facções responsabilizadas pelo estupro em massa. As sanções devem visar os dois líderes FDLR dentro e fora do país, se for provada a conexão do grupo com os ataques, acrescentou Khare.

“Eu devo também salientar que, considerando a natureza temporária da presença e dos esforços dos capacetes azuis (como são conhecidos os membros das forças de paz da ONU), a solução a longo prazo para a erradicação do entrincheiramento crescente de uma cultura de violência sexual na República Democrática do Congo situa-se no desenvolvimento da capacidade de segurança do país e das instituições de direito do Estado. Destacadamente, transformando as forças armadas e as forças policiais em protetores da população civil”, completou Khare.

Ele disse que a ausência do Estado no terreno está diretamente relacionada à sua falta de capacidade, incluindo a capacidade limitada para implantar a polícia e pessoal administrativo, bem como deficiência no pagamento de salários. Khare também recomendou a manutenção da pressão militar sobre os grupos armados ilegais no leste da RDC, a implementação de medidas não-militares para resolver o problema das FDLR e maior atenção à exploração ilegal dos recursos naturais da RDC, que segundo ele tem agravado a violência.

Violência sexual pede mais atenção da comunidade internacional

A Representante Especial do Secretário-Geral sobre Violência Sexual, Margot Wallström, fez um apelo por justiça e pela proteção das pessoas submetidas à brutalidade do estupro, convocando a ONU e a comunidade internacional a agir de forma decisiva. “Nós não podemos voltar no tempo para as vítimas de Kibua, ou para inúmeras outras sobreviventes de atos brutais de violência sexual organizada. Como nós nos esforçamos em ajudar esses sobreviventes, devemos fazer o nosso melhor para garantir que não haja mais vítimas”.

“Para estes atos inadmissíveis, devemos agir imediatamente e de modo organizado. Esta é a nossa responsabilidade coletiva para com os sobreviventes e o nosso sinal coletivo para os criminosos que estão assistindo e esperando para ver como o mundo vai reagir. A nossa política de ‘tolerância zero’ não pode ser superada por uma realidade de ‘zero consequências’”, disse Wallström.

Wallström disse que a ONU não pode se dar ao luxo de fugir do confronto a partir de suas próprias deficiências. Para ela, um exame detalhado de suas ações, num espírito de transparência e responsabilização, deve constituir a base para a melhoria da proteção civil no futuro.

“Temos de confrontar diretamente o fato de que respondemos de modo insuficiente diante da informação existente. Devemos analisar a resposta das Nações Unidas, incluindo a de nossos soldados no terreno e não no espírito de auto-recriminação, mas com uma determinação e vontade de fazer melhor para proteger os civis no que é sem dúvida uma das mais complexos, vastas e voláteis zonas de conflito do mundo”, completou.

Falando à imprensa após a reunião de hoje, o embaixador da Turquia Ertugrul Apakan, que detém a presidência do Conselho, reiterou a condenação dos estupros por parte do painel de 15 membros e o pedido de investigação e punição imediatos.