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Angola: ONU relata expulsões em curso de cidadãos da República Democrática do Congo

Autoridades de saúde na República Democrática do Congo dizem que muitas mulheres que chegam de Angola foram abusadas sexualmente Cidadãos da República Democrática do Congo (RDC) expulsos da vizinha Angola continuam a chegar em seu país de origem este mês, com muitos relatos de que eles foram submetidos a maus-tratos, incluindo a violência sexual, afirmou o escritório humanitário da ONU nesta quarta-feira (29).

No total, 1.355 pessoas expulsas chegaram às províncias de Bas-Congo e Kasai, na RDC, desde o dia 11 de dezembro, afirmou o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), em um comunicado de imprensa. Os recém-chegados elevam para mais de 12.000 o número de congoleses expulsos de Angola desde setembro.

Em setembro e outubro, as agências humanitárias relataram a chegada de 8.296 pessoas nas áreas de Luiza e Tshikapa da província de Kasai Ocidental, 511 pessoas na área de Tembo da província de Bandundu e cerca de 2.000 pessoas na província de Bas-Congo. A maioria são cidadãos da RDC.

“As autoridades de ambos os países devem tomar todas as medidas necessárias para garantir que os direitos humanos e a dignidade humana de pessoas expulsas sejam respeitados”, disse Valerie Amos, Subsecretário-Geral da ONU para Assuntos Humanitários e Coordenadora de Socorro de Emergência.

Missões de avaliação humanitária que visitaram as áreas de chegada em outubro e novembro relataram que muitos dos indivíduos sofreram maus-tratos e abusos dos direitos humanos, incluindo tortura. Havia também mais de 100 casos confirmados de violência sexual.

Os expulsos estão recebendo alimentos, roupas, kits de higiene, medicamentos e assistência psicológica das agências humanitárias, de acordo com o OCHA. Um plano de resposta tem sido desenvolvido no âmbito do Plano de Ação Humanitária da RDC, para atender às necessidades dos recém expulsos. Ajuda adicional é necessária com urgência, acrescentou o OCHA.

ONU pede que sejam investigados supostos estupros de mulheres durante expulsão de pessoas de Angola para a RDC

A Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre a Violência Sexual em Conflito, Margot Wallström. Foto: ONU.A Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre a Violência Sexual em Conflito, Margot Wallström, solicitou que as autoridades nacionais em Angola e na República Democrática do Congo (RDC) investiguem denúncias de que mulheres teriam sido estupradas quando um grande número de pessoas foram expulsas de Angola e forçadas a voltarem para a RDC recentemente.

Organizações não-governamentais (ONGs) locais afirmam terem recebido informações de que dois homens foram mortos e 30 mulheres abusadas sexualmente várias vezes durante a expulsão, conforme acrescentou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

“Peço às autoridades dos dois países que investiguem essas alegações e procedam em conformidade com a legislação pertinente”, declarou Wallström, em um comunicado divulgado ontem (07/11). “Espero que as autoridades de Angola e da RDC respeitem os direitos humanos e façam tudo ao seu alcance para evitar abusos de todo tipo durante qualquer processo de expulsão”, ela acrescentou.

A Representante Especial afirmou que, embora não esteja claro onde as supostas violações ocorreram, nem quem foram os autores das mesmas, é de extrema importância que as alegações de abuso sejam investigadas imediatamente e os responsáveis levados à justiça pelas autoridades nacionais dos países em questão. Ela disse, ainda, que uma missão interagencial da ONU está atualmente em curso e fornecerá apoio aos esforços para continuar acompanhando os alegados incidentes de violência sexual.

Nicolas Cage faz apelo apaixonado por vítimas inocentes do crime

Nicolas Cage. Foto: ONU.Na conferência global das Nações Unidas contra o crime organizado que está acontecendo em Viena (Áustria), o vencedor do Oscar, cineasta e Embaixador da Boa Vontade do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), Nicolas Cage, fez hoje (21/10) um apelo em nome das vítimas inocentes deste flagelo. O encontro tem por objetivo rever o progresso alcançado uma década após a adoção da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional.

Cage reafirmou seu compromisso de fornecer ajuda a um número incontável de mulheres e crianças cujas vidas foram atingidas pela criminalidade. Referindo-se ao seu trabalho como Embaixador da Boa Vontade do UNODC, ele disse: “Conheci muitas crianças que foram vítimas do crime e ouvi suas histórias. Eles foram sobreviventes do tráfico sexual e ex-crianças-soldado, alguns estavam recebendo tratamento para dependência de drogas ou HIV. Suas histórias são de cortar o coração”.

Prestando homenagem a indivíduos desconhecidos, cujo apoio ajuda jovens vulneráveis a sobreviverem, Cage disse: “Ao trabalhar com o UNODC, comecei a entender quem são os verdadeiros heróis no mundo. Vi almas corajosas trabalhando nas linhas de frente, que operam sob as circunstâncias mais difíceis e com recursos muito limitados, para ajudar as vítimas do crime organizado… Eles são pessoas comuns. No entanto, eles também são extraordinários”.

O Diretor Executivo do UNODC, Yury Fedotov, prestou homenagem a Nicolas Cage como um trabalhador humanitário comprometido em promover uma abordagem centrada no combate ao crime organizado: “Ele criou um fundo para ajudar as crianças-soldado, fornecendo suporte vital para abrigos de reabilitação e serviços médicos e psicológicos. Além de apoiar o trabalho do UNODC, ele também tem apoiado os esforços para promover o controle internacional de armas e para reconstruir Nova Orleans após a passagem do furacão Katrina”.

Cage já atuou em cerca de 65 filmes, ganhou um Oscar de Melhor Ator por “Despedida em Las Vegas” e mais tarde foi nomeado por sua atuação dupla em “Adaptação”. Ele recebeu também um Globo de Ouro, dois MTV Movie Awards e um Screen Actors Guild Award, entre outros, além de ter uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.

ONU apresenta medidas para reforçar proteção a civis no Congo

Atul Khare, Secretário-Geral Adjunto do Departamento de Operações de Paz da ONU (DPKO). Foto: ONU.Representantes da ONU falaram ao Conselho de Segurança sobre falhas da Organização e propuseram medidas para melhorar as respostas à proteção de civis no futuro, bem como a punição dos envolvidos nos recentes estupros em massa.

A missão de paz das Nações Unidas na República Democrática do Congo (RDC) tem tomado várias medidas para melhorar a proteção de civis no leste do país, após recentes incidentes de estupro em massa. No entanto, a Organização afirmou que estabilizar a autoridade do Estado nas zonas afetadas pelo conflito seria a forma mais eficaz de acabar com a ilegalidade e a violência.

Ao destacar para o Conselho de Segurança algumas das ações da missão da ONU no país (MONUSCO), o Secretário-Geral Adjunto do Departamento de Manutenção da Paz das Nações Unidas (DPKO), Atul Khare, disse que foi lançada na semana passada uma operação para reforçar medidas de proteção civil nas áreas de Pinga, Kibua e Walikale, na província de Kivu Norte, onde ocorreram os mais recentes estupros em massa.

A operação, realizada por cerca de 750 soldados com o apoio de helicópteros de ataque e de observação, também visa proporcionar segurança para cobrir os esforços das autoridades nacionais em prender os suspeitos de cometer os estupros. Pelo menos 242 civis foram afetados, incluindo 28 crianças, nas aldeias ao longo de um trecho de 21 quilômetros de estrada no território de Banamukira, na província de Kivu Norte, entre 30 de julho e 02 de agosto. A maioria eram mulheres.

Khare, que acaba de retornar da RDC, disse ao Conselho que a MONUSCO prossegue os esforços para melhorar as relações com as comunidades locais e reforçar a coleta de informações, na tentativa de melhorar a resposta às ameaças à segurança de civis. “Foi decidido que haverá mais patrulhas à tarde e à noite, bem como um reforço de patrulhas em diversos pontos da região”, afirmou Khare ao Conselho.

Khare enfatizou que o afastamento do leste da RDC faz com que as rondas e a comunicação sejam extremamente difíceis. Ele declarou ao Conselho que a MONUSCO mantinha esforços para impulsionar a cobertura de rádio nas áreas sem cobertura de telefonia móvel. No entanto, afirmou também que mais recursos seria necessários.

O Subsecretário-Geral expressou desapontamento com o fato de que a ONU foi incapaz de oferecer proteção às vítimas dos estupros recentes. “Embora a responsabilidade primária pela proteção dos civis seja do Estado, do exército nacional e das forças policiais, é evidente que também falhamos. Nossas ações não eram adequadas, resultando em uma inaceitável violência contra a população nas aldeias na área. Temos de melhorar”.

Khare sublinhou que os autores de violência sexual desenfreada no leste da RDC devem ser rapidamente levados à justiça. “A MONUSCO fará todos os esforços, incluindo uma postura mais agressiva das forças de paz e a utilização de multiplicadores para a coleta de informações, como a Rádio Okapi, para apoiar os esforços do Governo da RDC em fazer justiça”.

Representante da ONU pede sanções a grupo rebelde

Ele recomendou que o Conselho considere a imposição de sanções aos dirigentes das Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), um grupo de combatentes hutus ligados ao genocídio em Ruanda em 1994 e uma das facções responsabilizadas pelo estupro em massa. As sanções devem visar os dois líderes FDLR dentro e fora do país, se for provada a conexão do grupo com os ataques, acrescentou Khare.

“Eu devo também salientar que, considerando a natureza temporária da presença e dos esforços dos capacetes azuis (como são conhecidos os membros das forças de paz da ONU), a solução a longo prazo para a erradicação do entrincheiramento crescente de uma cultura de violência sexual na República Democrática do Congo situa-se no desenvolvimento da capacidade de segurança do país e das instituições de direito do Estado. Destacadamente, transformando as forças armadas e as forças policiais em protetores da população civil”, completou Khare.

Ele disse que a ausência do Estado no terreno está diretamente relacionada à sua falta de capacidade, incluindo a capacidade limitada para implantar a polícia e pessoal administrativo, bem como deficiência no pagamento de salários. Khare também recomendou a manutenção da pressão militar sobre os grupos armados ilegais no leste da RDC, a implementação de medidas não-militares para resolver o problema das FDLR e maior atenção à exploração ilegal dos recursos naturais da RDC, que segundo ele tem agravado a violência.

Violência sexual pede mais atenção da comunidade internacional

A Representante Especial do Secretário-Geral sobre Violência Sexual, Margot Wallström, fez um apelo por justiça e pela proteção das pessoas submetidas à brutalidade do estupro, convocando a ONU e a comunidade internacional a agir de forma decisiva. “Nós não podemos voltar no tempo para as vítimas de Kibua, ou para inúmeras outras sobreviventes de atos brutais de violência sexual organizada. Como nós nos esforçamos em ajudar esses sobreviventes, devemos fazer o nosso melhor para garantir que não haja mais vítimas”.

“Para estes atos inadmissíveis, devemos agir imediatamente e de modo organizado. Esta é a nossa responsabilidade coletiva para com os sobreviventes e o nosso sinal coletivo para os criminosos que estão assistindo e esperando para ver como o mundo vai reagir. A nossa política de ‘tolerância zero’ não pode ser superada por uma realidade de ‘zero consequências’”, disse Wallström.

Wallström disse que a ONU não pode se dar ao luxo de fugir do confronto a partir de suas próprias deficiências. Para ela, um exame detalhado de suas ações, num espírito de transparência e responsabilização, deve constituir a base para a melhoria da proteção civil no futuro.

“Temos de confrontar diretamente o fato de que respondemos de modo insuficiente diante da informação existente. Devemos analisar a resposta das Nações Unidas, incluindo a de nossos soldados no terreno e não no espírito de auto-recriminação, mas com uma determinação e vontade de fazer melhor para proteger os civis no que é sem dúvida uma das mais complexos, vastas e voláteis zonas de conflito do mundo”, completou.

Falando à imprensa após a reunião de hoje, o embaixador da Turquia Ertugrul Apakan, que detém a presidência do Conselho, reiterou a condenação dos estupros por parte do painel de 15 membros e o pedido de investigação e punição imediatos.

Venezuela: agência da ONU fornece treinamento para ajudar a combater a violência sexual

Mapa: Colômbia e Venezuela.O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) desenvolveu um projeto para ajudar grupos mais vulneráveis na Venezuela, particularmente a grande população de refugiados colombianos que cruzaram a fronteira para evitar conflitos em sua terra natal. O treinamento foi realizado no estado de Zulia, no noroeste do país, que fica perto da fronteira com a Colômbia.

O programa faz parte de um esforço mais amplo do ACNUR, que inclui oficinas e a realização de um fórum, a fim de resolver os problemas da violência sexual e baseada no gênero no país da América do Sul. Treinamentos de assistência médica e psicossocial, jurídico e de proteção foram fornecidos a cerca de 100 trabalhadores de instituições governamentais, organizações não governamentais (ONGs) e forças de segurança pelo ACNUR e pela Organização Internacional para as Migrações (IOM, na sigla em inglês).

Um projeto apoiado pelas Nações Unidas na Venezuela já treinou dúzias de funcionários do governo e membros das forças de segurança sobre como evitar a violência sexual e baseada no gênero, além de buscar um melhor atendimento e proteção às vítimas.