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Darfur: Missão da ONU e União Africana confirma caso de estupro em acampamento

Representante Especial Ibrahim Gambari (ao centro) no acampamento da UNAMID em Tawilla, Darfur.Uma equipe dos direitos humanos da missão de paz conjunta das Nações Unidas-União Africana em Darfur (UNAMID) confirmou a ocorrência de um estupro, ocorrido durante distúrbios em que paramilitares do governo e a polícia atiraram para o ar. O incidente ocorreu no mercado de um acampamento na região sudanesa de Darfur, devastada pela guerra no mês passado, declarou um porta-voz da ONU nesta quarta-feira (06/01).

Dois funcionários de direitos humanos da Missão foram enviados ao acampamento de Tawilla para verificar relatos de estupros e outros abusos durante e após o ocorrido, em 25 de dezembro. No momento dos incidentes, militares da UNAMID intervieram e convenceram as forças do Governo a abandonar o mercado.

Segundo os relatos, uma menina de 19 anos foi estuprada, uma mulher de 60 foi assaltada e espancada, e um menino de 12 também foi espancado. Todos os três foram atendidos no ambulatório da UNAMID em Tawilla e em seguida foram para casa.

A equipe de direitos humanos confirmou que um estupro ocorreu, mas não há confirmação de suspeitos, declarou o porta-voz Martin Nesirky durante uma coletiva de imprensa na sede da ONU em Nova York. A equipe está agora compilando dados para apresentar um relatório, que estará pronto hoje (06/01).

A UNAMID foi criada para proteger os civis e conter a violência em Darfur. Nesta região, há cerca de sete anos ocorrem combates entre forças do Governo, combatentes de milícias vinculadas ao Governo e grupos rebeldes que buscam maiores benefícios. O saldo dos confrontos já chegou a pelo menos 300 mil pessoas mortas e outras 2,7 milhões retiradas de suas casas.

Sudão: ONU em esforços finais para referendo sobre independência do sul

Moradores da região remota de Tal, no Estado de Central Equatoria, descarregam materiais de votação de um helicóptero da UNMIS, a Missão da ONU no Sudão.À medida que chegam ao final as preparações para o referendo pela independência do sul do Sudão, a ONU procura garantir que cada um dos quatro milhões de eleitores terá uma cédula de votação, independentemente de quão remoto ou inacessível for o local onde reside. Além do referendo pela independência do sul, haverá outro em que moradores da região de Abyei votarão para permanecer como integrantes do norte ou se tornarem parte do sul.

A Missão das Nações Unidas no Sudão (UNMIS) já entregou material para mais de quatro milhões de eleitores no sul do Sudão, cada cédula carregando duas imagens: a de uma só mão, pela independência, e a de duas mãos, pela unidade.

Como parte do esforço para garantir que todos os eleitores do sul possam votar, a UNMIS e a Missão Conjunta da ONU-União Africana em Darfur (UNAMID) estão trabalhando no treinamento de equipes para 20 seções eleitorais no oeste do Sudão, onde 23 mil sulistas registraram-se para votar. A UNAMID procura garantir o rápido transporte dos materiais de votação e uma conclusão pacífica para o processo eleitoral.

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Após fim de restrições, ONU e parceiros levam assistência a furianos desalojados

Após fim de restrições, ONU e parceiros levam assistência a furianos desalojadosA Organização das Nações Unidas e outras agências de auxílio começaram hoje (28/12) a fornecer assistência humanitária vital a milhares de pessoas deslocadas internamente (PDIs), abrigadas fora das instalações da Missão de Paz Conjunta das Nações Unidas-União Africana em Darfur (UNAMID). A ação foi possível por conta do término das restrições a movimentações por via aérea e terrestre a áreas que sofreram recentemente com conflitos.

A Missão escoltou um comboio de auxílio de oito caminhões até Khor Abeche, palco de confrontos recentes entre forças rebeldes e o Governo do Sudão. A cidade fica localizada a 80 quilômetros a nordeste da capital de Darfur do Sul, Nyala.

Cerca de 19 toneladas de comida foram entregues por via aérea ontem (27/12) a mais de dez mil pessoas nos arredores das instalações locais da UNAMID, segundo relatou a Missão. Enquanto isso, um comboio carregando combustível e comida a um número estimado de cinco mil PDIs em Shangil Tobaya, no Darfur do Norte, partiu hoje mais cedo da capital El Fasher. Missões similares para Shaeria, Jagahara e Negaha estão sendo planejadas pela UNAMID e diversos agentes humanitários para os próximos dias.

No sábado (25/12), o Representante Especial Adjunto da ONU-UA em Darfur, Ibrahim Gambari, manifestou grande preocupação com relatos de confrontos ininterruptos no território. Ele insistiu para que as partes envolvidas cessassem os conflitos e cooperassem totalmente com o mediador do processo de paz em Darfur, Djibril Bassolé.

Ao menos 300 mil pessoas foram mortas e 2,7 milhões desalojadas como resultado dos confrontos que têm devastado Darfur nos últimos sete anos.

Equipe de mediação pede cessar-fogo até o fim do ano no Sudão

A equipe formada pela Missão de Paz Conjunta das Nações Unidas-União Africana em Darfur (UNAMID) e pelo Governo do Catar lançou no domingo (19/12) uma declaração pedindo que o Governo do Sudão e o Movimento Justiça e Igualdade (JEM) avancem as negociações sobre o processo de paz na região de Darfur.

De acordo com a declaração, recentes consultas feitas pela equipe no Sudão, especialmente na região de Darfur, revelaram que todos os envolvidos expressaram apoio ao processo de paz da região, disponibilidade para apoiar os resultados das negociações e ressaltaram a necessidade da participação de todos os grupos armados para dar continuidade às negociações, que foram retomadas em Doha, capital do Catar.

Importantes representantes da ONU, incluindo o Secretário-Geral Ban Ki-moon, reforçaram o pedido para que a negociação seja feita sem mais atrasos, afirmando que apenas uma negociação compreensiva e inclusiva pode pôr fim às hostilidades e aos conflitos em Darfur.

O Ministro de Estado do Catar para Assuntos Estrangeiros, Ahmed Bin Abdullah Al-Mahmoud, e o Chefe Mediador da Junta da UA-ONU, Djibril Bassolé, reiteraram o pedido de um cessar-fogo até o fim do ano e fizeram um apelo para que a facção de Abdul Wahid Nur do Exército de Libertação do Sudão (ELS), que continua a se abster das negociações, mantenha suas anunciadas consultas para determinar sua participação no processo de paz.

Às vésperas do referendo, milhares de pessoas começam a retornar para o sul

Enquanto isso, outra região do Sudão se prepara para grandes mudanças. A região sul realizará no dia 9 de janeiro um referendo, em que decidido se a região se tornará independente do resto do país. Também será decidido o estatuto definitivo de Abyei, uma área rica em petróleo, no centro do país.

O referendo é parte do acordo de paz conhecido como Comprehensive Peace Agreement (CPA), assinado pelo Governo do Sudão e pelo grupo de rebeldes do sul, o Exército de Libertação do Povo do Sudão (SPLA), em 2005. O acordo pôs fim a décadas de guerra entre o norte e o sul.

Desde que o acordo foi assinado, dois milhões de deslocados internos retornaram para suas comunidades no sul do Sudão e nas chamadas “Três-Áreas”, que compreendem as regiões de Abyei, Nilo Azul e Kordofan Sul. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), milhares de sudaneses que viviam no norte estão voltando à região sul, num movimento organizado e espontâneo. O ACNUR começou a distribuir ajuda para mais de 35 mil pessoas que retornaram à região, montando centros de recepção para ajudar estas pessoas e reforçando a sua presença nos estados e municípios do sul.

Há menos de três semanas para o referendo, o presidente do painel da ONU encarregado de acompanhar a votação, Benjamin Mkapa, pediu na segunda-feira (20/12) que todas as partes envolvidas assegurem a credibilidade do processo. Após uma reunião com os outros dois membros do painel, Benjamin falou à imprensa sobre a preocupação com o pagamento dos funcionários e outros custos, essenciais para a realização bem sucedida do referendo. “Quando todas as questões técnicas estão bem encaminhadas, não se pode deixar que a ação humana interfira num resultado confiável.”

Darfur: livre acesso a trabalhadores humanitários precisa ser assegurado

Desabrigados em Kalma. Foto: ONU.O Subsecretário-Geral para Assuntos Humanitários das Nações Unidas, John Holmes, pediu a todas as partes envolvidas no conflito em Darfur (Sudão) que dêem garantias aos trabalhadores humanitários para que eles não sofram assédio e intimidação. Ele destacou que a situação humanitária na região vem se deteriorando durante o ano devido a confrontos entre forças do Governo e rebeldes, além do intenso combate tribal.

Holmes apontou para as fatalidades recentes no campo de Kalma, um dos maiores locais de abrigo para pessoas deslocadas pelos combates. Milhares de moradores de Kalma foram forçados a fugir, o que dificulta a prestação de serviços humanitários.

“A situação foi agravada quando autoridades locais negaram a ONGs e a agências da ONU acesso ao acampamento durante 15 dias após 1° de agosto, em meio a sugestões de que queriam se livrar do campo completamente “, disse Holmes. Essa mudança impossibilitou uma avaliação correta da situação humanitária e impediu que os moradores do campo recebessem ajuda.

“Isso ressalta a importância vital do mandato da Missão de Paz Conjunta das Nações Unidas e da União Africana em Darfur (UNAMID) sobre a proteção da população civil e da cooperação estreita entre a comunidade humanitária e a missão “, declarou, acrescentando que a situação é tensa e frágil, com o Governo ameaçando retirar os desalojados de Kalma e a desmontagem permanente do acampamento.