FAO lança programa que prevê 7 áreas prioritárias de resposta e recuperação à COVID-19

FAO pede ação global conjunta e coordenada em apoio à alimentação e agricultura. Foto: FAO

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) divulgou seu novo programa abrangente de resposta e recuperação à COVID-19, destinado à prevenção de uma emergência alimentar global durante e após a pandemia, e de uma intervenção de desenvolvimento a médio e longo prazo em relação à segurança alimentar e nutrição.

A agência solicita um investimento inicial de US$ 1,2 bilhão para atender às necessidades do novo programa.

O programa foi lançado durante um diálogo virtual com os setores público e privado intitulado “Ação conjunta em relação à COVID-19: impulsionando nossa resposta global à alimentação e agricultura”. O evento foi organizado pela FAO, em 14 de julho, para fornecer uma resposta global simplificada e coordenada que garanta o acesso a alimentos nutritivos para todos, mobilizando todos os tipos de recursos e parcerias nos níveis nacional, regional e global.

Em conformidade com a abordagem das Nações Unidas para ” reconstruir melhor” após a COVID-19, e com o objetivo de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o novo programa visa mitigar o impacto imediato da pandemia e, ao mesmo tempo, fortalecer a resiliência a longo prazo dos sistemas alimentares e meios de subsistência.

“Não podemos continuar simplesmente fazendo o que foi feito por toda a vida”, destacou o diretor-geral da FAO, Sr. QU Dongyu, em sua declaração de abertura. “Devemos trabalhar muito para limitar os efeitos nocivos da COVID-19 na segurança alimentar e nutrição. Temos que focar mais nos países, ser mais inovadores e colaborar de perto, de mãos dadas. Foi assim que a FAO formulou seu abrangente Programa de resposta e recuperação à COVID-19 e hoje pedimos que se juntem a nós”, acrescentou.

Abordar o impacto da COVID-19 nos sistemas alimentares

Além de ser uma grande preocupação pública, a pandemia da COVID-19 também pode representar uma séria ameaça à segurança alimentar global. Segundo estimativas do Banco Mundial, as repercussões econômicas da pandemia podem levar cerca de 49 milhões de pessoas à pobreza extrema. O aumento das taxas de desemprego, a perda de renda e o aumento dos custos com alimentos estão comprometendo o acesso aos alimentos nos países desenvolvidos e em desenvolvimento e terão efeitos a longo prazo na segurança alimentar.

De acordo com a última edição do relatório da FAO “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo”, mesmo antes do impacto da pandemia da COVID-19 afetar os sistemas alimentares globais e os meios de subsistência de milhões das pessoas no início do ano, haviam 10 milhões de pessoas subalimentadas a mais do que em 2018 e 60 milhões a mais que em 2014. No Relatório Mundial sobre as Crises Alimentares de 2020, estima-se que 135 milhões de pessoas sofram de insegurança alimentar aguda e precisem de ajuda humanitária urgente para a sua alimentação e nutrição.

Além disso, a pandemia pode mergulhar as economias nacionais em uma recessão, e os países devem adotar medidas urgentes para mitigar o impacto a longo prazo nos sistemas alimentares e na segurança alimentar.

Não menos urgente é a pandemia que ameaça complicar as crises existentes – como conflitos, desastres naturais, mudanças climáticas, pragas e infestações – que já estão pressionando nossos sistemas alimentares e causando insegurança alimentar em todo o mundo.

As sete áreas prioritárias do Programa de Resposta

Para minimizar os efeitos prejudiciais da COVID-19 na segurança alimentar e nutrição, e transformar os sistemas alimentares globais para aumentar sua resiliência, sustentabilidade e equidade, a FAO pede ação imediata em sete áreas prioritárias:

Em resposta à emergência atual, a FAO está trabalhando para reunir governos e várias partes interessadas em um chamado para a ação, coletando e analisando dados para entender melhor as novas tendências e detectar todos os tipos de deterioração para fornecer consultoria técnica e desenvolvimento da capacidade em relação a uma ampla variedade de disciplinas em tempo hábil. Além disso, a Organização está fornecendo apoio no que diz respeitos aos investimentos para aproveitar todos os tipos de parcerias e financiamento.

O novo programa também conta com o apoio da Coalizão Alimentar contra a COVID-19, lançada pelo governo da Itália e liderada pela FAO, que mobiliza assistência política, financeira e técnica em apoio aos países afetados pela crise atual.

Segundo a diretora-geral adjunta da FAO, Beth Bechdol, os esforços que serão necessários para abordar seriamente essas sete áreas de resposta prioritária serão imensos. “A Coalizão Alimentar é uma abordagem exemplar com o objetivo de aproveitar uma alta densidade de capital e vontade política para impedir que a pandemia se agrave de uma crise de saúde para uma crise alimentar”.

O evento também contou com a participação de: Sra. Carla Montesi, Diretora de Planeta e Prosperidade da Direção Geral de Cooperação e Desenvolvimento Internacional da Comissão Europeia; Sr. Joachim von Braun, Diretor do Centro de Pesquisa em Desenvolvimento da Universidade de Bonn (ZEF) e Presidente do Grupo Científico da Cúpula sobre Sistemas Alimentares, convocado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas; Sra. Josefa Leonel Correia Sacko, Comissária para Economia Rural e Agricultura da União Africana; Sr. Kip Tom, embaixador e representante permanente dos Estados Unidos da América nas agências das Nações Unidas para alimentação e agricultura, com sede em Roma; Sra. Vincenza Lomonaco, embaixadora representante permanente da República Italiana na FAO; Sr. Peter Bakker, presidente e diretor dxecutivo do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, e Sra. Najat Mokhtar, diretora-geral adjunta e chefe do Departamento de Ciências Nucleares e Aplicações da Agência Internacional de Energia Atômica.

Os participantes do diálogo discutiram áreas de resposta prioritária, maneiras de conduzir ações conjuntas e modalidades de parceria com a FAO na resposta à COVID-19 em relação ao setor agrícola.