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A situação no Paquistão continua crítica

Milhares de deslocados por inundações no Paquistão. Foto: ONUAs grandes inundações no Paquistão se espalharam para o sul da província de Sindh, onde centenas de milhares de pessoas buscam abrigo após serem evacuados de suas aldeias inundadas. As agências de ajuda humanitária continuam entregando suprimentos a milhões de pessoas afetadas.

“A situação em Sindh é de grande preocupação. Cidades inteiras já foram evacuadas”, disse o Porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). “Temos centenas de milhares de pessoas em movimento, e se não formos capazes de chegar a todos aqueles que necessitam de ajuda imediata, pode haver um aumento das doenças transmitidas pela água e, naturalmente, escassez de alimentos e falta de abrigos”, acrescentou.

As inundações, que começaram no final do mês passado, já causaram a perda de mais de 1.200 vidas e a destruição de casas, fazendas e infra-estrutura em grandes partes do país. Segundo estimativas do governo, 15,4 milhões de pessoas foram afetadas, dentre as quais seis milhões delas necessitam de alimento, abrigo, água potável e cuidados de saúde.

O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) estima que são necessários pelo menos 40 helicópteros a mais para impulsionar seus esforços e oferecer alívio a um grande número de pessoas que permanecem em áreas inacessíveis.

“Os helicópteros são a única forma de entregar suprimentos em
muitas áreas e é por isso que já estamos usando todas as aeronaves atualmente disponíveis”, disse o diretor do PMA no Paquistão, Herbinger Wolfgang. O PMA até o momento já ajudou a 1,3 milhão de pessoas com rações de emergência de alimentos.

Ban preocupado com ataques a funcionários da ONU em Darfur

Ban declara contra os recentes ataques dirigidos a funcionários da ONU em Darfur. Foto: ONUO Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, expressou sua preocupação com uma série de incidentes recentes que têm contribuído para o agravamento da situação na conflituosa região sudanesa de Darfur, onde continuam as tensões em um acampamento de pessoas deslocadas e dois membros das forças de paz das Nações Unidas foram sequestrados no sábado passado no local.

Os dois conselheiros policiais sequestrados atuam com a Missão de Paz Conjunta da ONU e da União Africana em Darfur (UNAMID), a qual foi criada para proteger os civis e conter a violência no país, onde cerca de sete anos de luta já mataram pelo menos 300 mil pessoas e levaram outros 2,7 milhões a sair de suas casas. “Os contínuos ataques à UNAMID, sequestros e maus tratos a funcionários da ONU e a trabalhadores humanitários só conseguem agravar mais a situação”, disse o Porta-voz do Secretário-Geral.

Ban Ki-moon estimou a restauração do acesso da ajuda humanitária ao acampamento Kalma, que abriga um número estimado de 82.000 deslocados internos e que tinha sido fechado para as agências humanitárias e organizações não-governamentais (ONGs) há cerca de duas semanas. O Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) observou que o número de agências humanitárias operando em Darfur tem diminuído desde março de 2009, quando 11 ONGs internacionais foram expulsas da região.

O Secretário-Geral pediu ao governo de Sudão para apreender e levar à justiça aqueles responsáveis pelos ataques aos membros da ONU e trabalhadores humanitários, além de tomar todas as medidas possíveis para assegurar que o acesso humanitário permaneça aberto para todos os sudaneses e que o espaço humanitário esteja protegido.

Falta de financiamento prejudica ajuda humanitária no Quirguistão

Mulher quirguiz volta para casa e a encontra destruída. Foto: ONU.As Nações Unidas e seus parceiros humanitários mostraram preocupação com o fato de que necessidades humanitárias imediatas para atender o Quirguistão talvez não possam ser atendidas, já que apenas 30% dos 96 milhões de dólares pedidos para a assistência a civis afetados pela violência recente no país foram recebidos. Lançado em junho, o apelo permitiria que agências humanitárias ajudassem, durante um período de seis meses, cerca de 300 mil pesssoas desalojadas pelo conflito étnico ocorrido no sul do país, além de mais 765 mil afetadas pela crise.

Os combates entre quirguizes e uzbeques deixaram centenas de mortos e feridos. A violência também provocou saques a propriedades e destruição de infraestrutura do país. As agências humanitárias, através do Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), estão trabalhando em uma nova estratégia financeira para aumentar as doações e conseguir os fundos necessários.

O OCHA declarou que a situação na região continua tensa, principalmente nas províncias de Osh e Jalal-Abad. De acordo com a agência, há relatos de abusos graves de direitos humanos no sul do país, incluindo abuso de poder, detenções arbitrárias e maus-tratos e extorção por parte de agentes da lei. Existem também alegações de que pessoas detidas estão sendo coagidas a assinarem falsas confissões e que evidências forjadas estão sendo usadas durante operações de busca, assim como denúncias não confirmadas de prisões secretas.

No mês passado, a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, afirmou que forças de segurança do Quirguistão foram responsáveis por várias violações de direitos humanos. Ela declarou ser necessária o constante monitoramento da situação em relação aos direitos humanos, principalmente no sul do país, e pediu uma “investigação internacional detalhada, independente e imparcial” sobre a violência que assolou o país em junho.

Falta de fundos interrompe distribuição de alimentos a iraquianos vulneráveis

Coordenadora Humanitária da ONU no país, Christine McNab. Foto: ONU.O braço humanitário das Nações Unidas alertou para o fato de que os esforços para dar assistências aos iraquianos em situação de vulnerabilidade estão sendo prejudicados pela falta de fundos. A distribuição de alimentos para milhares de mulheres grávidas e crianças em idade escolar já foi, inclusive, suspensa.

Até agora, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), foram recebidos apenas 22,3 milhões de dólares (ou 12%) dos 187,7 milhões requeridos pelo plano de ação humanitária para o Iraque 2010, lançado há seis meses. “Pedimos para que os doadores não desistam de seu compromisso com o povo iraquiano e em ajudar a pavimentar o caminho para o desenvolvimento do Iraque no futuro”, disse a Coordenadora Humanitária da ONU no país, Christine McNab.

A falta de fundos já resultou na suspensão de distribuição alimentar para 800 mil mulheres grávidas e crianças subnutridas, assim como 960 mil crianças em idade escolar. Além disso, a subsistência de 500 mil pessoas afetadas pela seca nas localidades de Suleymaniyah e Dahuk está ameaçada, e algumas já estão desabrigadas. Havia um plano para assistir a 22.500 famílias internamente deslocadas (IDPs), mas ele também teve de ser suspenso.

A falta de fundos para o Iraque é parte de um déficit de quase 5 bilhões de dólares que as agências da ONU e seus parceiros estão enfrentando neste ano. O plano de ajudar 53 milhões de pessoas em 34 países, somando um total de 9,5 bilhões de dólares, está até agora apenas perto da metade. A entrada de recursos para 2010 está só um pouco mais atrasada do que nos últimos anos, apesar do receio de que a crise econômica mundial esgote seus recursos destinados a catástrofes.

Lançando a revisão de meio de ano do pedido de recursos, o Subsecretário-Geral para Assuntos Humanitários, John Holmes, pediu aos doadores para persistir em seus esforços para assegurar que “as pessoas atingidas por catástrofes ou conflitos possam receber a ajuda que precisam para permanecerem vivas, evitando danos irrecuperáveis e restaurando sua dignidade e autossuficiência”.

ACNUR busca soluções duradouras para 1,5 milhão de deslocados no Haiti

Mesmo contando com uma equipe pequena no Haiti, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) conseguiu realizar um importante trabalho de apoio aos milhares de deslocados desde o terremoto que devastou o país em janeiro de 2010. A análise é do porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, em uma conferência de imprensa em Genebra nesta segunda-feira (12).

A agência da ONU informou também que trabalhou em estreita colaboração com o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), com o governo local e com outros parceiros. “Desde o terremoto de 12 de janeiro, nosso trabalho inicial de socorro de emergência e de abrigo tem ajudado pessoas que ficaram feridas e que foram levadas para a República Dominicana. Estamos trabalhando para o futuro da enorme quantidade de pessoas deslocadas no entorno e dentro de Porto Príncipe”, declarou Edwards.

Segundo o funcionário da ONU, as lacunas e os desafios permanecem enormes. “No auge do deslocamento, cerca de 2,3 milhões de pessoas viviam fora de suas antigas casas. Hoje, 1,5 milhão de pessoas permanecem em acampamentos espontâneos. A assistência não atingiu adequadamente os que foram acolhidos por famílias. Soluções duradouras para os deslocados ainda não estão à vista”.

Uma mulher segura seu bebê de dois dias de idade, nascido em um acampamento em Croix des Bouquets, no Haiti, em abril deste ano. Aproximadamente 4 mil haitianos deslocados, ou 194 famílias, foram reassentados no local. Foto: Sophia Paris/ONU.

ACNUR e ACNUDH estão trabalhando em parceria para coordenar, juntamente com parceiros nacionais e internacionais, respostas aos muitos desafios de proteção que enfrentam as pessoas deslocadas. Edwards declarou que a segurança ainda é insuficiente, as condições são por vezes miseráveis e, na ausência de soluções duradouras, muitas pessoas estão vivendo em terras privadas e sofrem grande pressão de seus proprietários para sair. Entre aqueles, os mais pobres costumavam ser os inquilinos dos donos das terras antes do terremoto e, agora, simplesmente não têm para onde voltar.

O ACNUR, em apoio ao grupo de proteção liderado pelo ACNUDH, continua a implementar Projetos de Rápido Impacto ao longo da fronteira com a República Dominicana, bem como em áreas remotas fora de Porto Príncipe. O objetivo é reforçar a proteção a populações deslocadas extremamente vulneráveis e suas comunidades de acolhimento. “Nós fornecemos assistência de emergência a mais de 200 mil beneficiários, dentro e fora de Porto Príncipe”, apontou o porta-voz da agência.