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ACNUR manifesta preocupação com grande número de pessoas que fogem da Somália

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) expressou hoje (29/04) preocupação com o agravamento da insegurança na Somália, que obrigou 50 mil pessoas a fugirem do país nos primeiros três meses deste ano, mais do dobro do número de refugiados que fugiram durante o mesmo período em 2010. Os refugiados têm procurado segurança no Quênia, na Etiópia e no Iêmen, segundo Melissa Fleming, porta-voz do ACNUR.

A maior parte do último grupo de refugiados que chegaram ao Quênia veio das regiões de Bakol e Bay, duas das principais zonas de conflito no país, disse Fleming a jornalistas em Genebra. “Eles todos falavam de uma situação sombria no interior do país, marcada pela violência implacável e violações dos direitos humanos. Os refugiados somalis contaram a equipes do ACNUR sobre o recrutamento forçado praticado por algumas das partes em conflito e sobre a terrível seca”, disse ela.

Apesar da agitação civil no Iêmen e os riscos envolvidos, mais de 22 mil refugiados e migrantes chegaram ao país entre janeiro e março. Alguns dos recém-chegados disseram a funcionários do ACNUR que não tinham conhecimento da agitação política e social no Iêmen, enquanto outros disseram que não havia outra opção senão fugir. “Para esses refugiados somalis, no Iêmen a situação é muito mais segura, por comparação, do que a de seu país”, disse Fleming.

Mais de oito milhões de africanos necessitam de ajuda alimentar devido à seca

O número de pessoas que necessitam de ajuda alimentar de emergência no leste da África aumentou de dois milhões para quase 8,4 milhões, conforme a seca continua a assolar a região. O índice de chuvas extremamente baixo entre outubro e dezembro levou a uma significativa queda nas colheitas, à deterioração das condições de pastagem e a perdas de gado no Djibuti, na Etiópia, no Quênia, na Somália e em Uganda, de acordo com o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Surtos de doenças animais relacionadas à seca foram registrados, com a morte de mais de cinco mil animais em Marsabit (Quênia), no mês de janeiro, número que continua a aumentar. Mais de dez mil pastores somalis cruzaram a fronteira com o Quênia, enquanto cerca de trinta mil animais e dez mil pastores quenianos migraram para Uganda. Migrações também têm sido relatadas do Quênia e da Somália para a Etiópia, levando a uma maior competição por recursos escassos e criando a possibilidade de conflitos com base em recursos com comunidades locais de acolhimento. Com isso, aumentam os níveis de desnutrição aguda.

“A preocupação maior é a escassez de água,” disse o OCHA, observando que a Somália está enfrentando grave crise de água na maior parte do país, enquanto uma severa escassez na Etiópia tem afetado as vidas e o sustento de milhões de pessoas.

O setor da educação também foi duramente afetado, como o aumento do número de crianças em idade escolar e professores que migram em busca de pasto e água. Na Somália, mais de 400 escolas foram fechadas devido à seca desde dezembro, afetando cerca de 55 mil alunos. Na Etiópia, cerca de 58 mil casos de abandono escolar foram relatados.

Em visita à Somália e ao Quênia no mês passado, a Subsecretária-Geral para Assuntos Humanitários e Coordenadora de Socorro a Emergências da ONU, Valèrie Amos, advertiu que o mundo deve continuar a prestar atenção ao que está acontecendo na África Oriental. “Devemos sempre ter certeza de que as pessoas entendem o impacto humano dessas crises. Por detrás de cada estatística, há um rosto humano,” disse em Nairóbi, capital do Quênia.

Nova vacina contra a pneumonia ataca principal causa da mortalidade infantil

Enfermeira marca o cartão de vacinação de uma criança queniana.Centenas de crianças no Quênia receberam suas primeiras doses contra a pneumonia hoje em evento especial apoiado pelas Nações Unidas, para comemorar a implantação global de vacinas contra a doença, principal causa mundial de mortes de crianças. O presidente Mwai Kibaki juntou-se a pais, profissionais de saúde, embaixadores e doadores em Nairóbi para a introdução formal da vacina pneumocócica e o programa de imunização do Governo do país, primeiro da África a introduzi-la. Nicarágua, Guiana, Iêmen e Serra Leoa também implantarão a vacina, com o apoio da Aliança Global para Vacinas e Imunização (GAVI), que reúne governos de todo o mundo, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial de Saúde (OMS), e outras entidades.

A doença pneumocócica, atualmente, tira a vida de mais de um milhão de pessoas a cada ano – incluindo mais de meio milhão de crianças antes do quinto aniversário. A pneumonia é a forma mais comum de doença pneumocócica grave e é responsável por 18% das mortes de crianças nos países em desenvolvimento, tornando-se a principal causa de morte entre as crianças. “A vacina pode nos ajudar a reduzir drasticamente o número de crianças que morrem de pneumonia, uma doença mortal, responsável por milhões de mortes, em nível mundial, todos os anos,” disse o Diretor Executivo do UNICEF, Anthony Lake.

A GAVI comprometeu-se a apoiar a introdução de vacinas em 19 países em desenvolvimento dentro de um ano e, se suficientes financiamentos forem conseguidos, planeja implementá-las em mais de 40 países até 2015. A Diretora Geral da OMS, Margaret Chan, observou que a rápida implantação da vacina pneumocócica mostra como a inovação e a tecnologia podem ser aproveitadas, a preços acessíveis, para salvar vidas no mundo em desenvolvimento. “A recuperação do investimento, medido pela mortalidade infantil reduzida, será enorme,” disse.

A GAVI precisa de um adicional de 3,7 bilhões de dólares nos próximos cinco anos para continuar o seu apoio à imunização nos países mais pobres do mundo. “A vacinação de rotina é um dos mais rentáveis investimentos em saúde pública que um governo pode fazer e contamos com nossos doadores para continuar a apoiar fortemente nossa missão de vida,” disse a CEO interina da GAVI, Helen Evans.

Desde que foi lançada no Fórum Econômico Mundial, em 2000, a GAVI evitou mais de cinco milhões de mortes e ajudou a proteger 288 milhões de crianças através da imunização.

Darfur: TPI acusa presidente do Sudão de genocídio

O Tribunal Penal Internacional (TPI ouICC, na sigla em inglês) emitiu nesta segunda-feira (12) a segunda ordem de prisão para o presidente sudanês, Omar al-Bashir, acrescentando genocídio à lista de acusações de crimes que ele teria cometido na região de Darfur.

O Tribunal disse haver motivos razoáveis para crer que al-Bashir é o responsável por três acusações de genocídio contra os grupos étnicos Fur, Masalit e Zaghawa, incluindo genocídio por meio de assassinatos; genocídio por causar severos danos corporais ou mentais; e genocídio por impor deliberadamente condições de vida voltadas para a destruição de cada grupo-alvo.

Em março de 2009, o líder sudanês tornou-se o primeiro chefe de Estado a ser indiciado pelo Tribunal, que na época o acusou de dois crimes de guerra e cinco crimes contra a Humanidade. No entanto, uma Câmara do TPI que recebe a documentação antes de ir a júri indeferiu o pedido do Procurador argentino Luis Moreno-Ocampo da acusação de genocídio, alegando não haver provas suficientes. Em fevereiro deste ano, a acusação de genocídio foi reconsiderada, devido ao padrão de prova definido pela Câmara ser muito exigente na fase do mandado de prisão.

A sentença emitida nesta segunda-feira (12) para al-Bashir não substitui ou revoga a do ano anterior, que permanece em vigor. As Nações Unidas estimam que 300 mil pessoas tenham sido mortas e outras 2,7 milhões tiveram de deixar suas casas desde o início dos combates em Darfur, em 2003, opondo forças rebeldes e governamentais e os milicianos aliados Janjaweed. Todos os lados são acusados de graves violações dos direitos humanos.

Além de Darfur, o TPI tem outras quatro investigações em andamento: na República Democrática do Congo (RDC), no norte de Uganda, na República Centro-Africana e no Quênia.